Dois anos passaram desde que escrevi “O amor é uma delícia”, e continuo a afirmar: para mim, o amor foi, é e continuará a ser um doce presente, uma dádiva que preenche os meus dias com luz e esperança. Mas o tempo, com a sua dança imprevisível, trouxe mudanças e silêncios e, nesse intervalo, algo aconteceu: uma transformação, uma nova compreensão sobre as relações e sobre a vida.
Aprendi que a busca por certezas é uma ilusão que nos esgota. Queremos garantir que o amor permaneça, que as pessoas estejam presentes — e ausentes — de acordo com as nossas expectativas, que o futuro seja previsível. Mas a única certeza que temos é a mudança constante. E, paradoxalmente, é essa incerteza que dá sabor à vida.
As (não) lições do amor levam-nos a colocar vírgulas onde deveriam estar pontos finais. Apegamo-nos ao passado, tememos o desconhecido e esquecemos que cada fim é também um novo começo. É difícil aceitar que não controlamos os sentimentos e as ações dos outros, mas é libertador reconhecer que podemos escolher como reagir às mudanças que moldam o nosso caminho.
O amor ensina-me a viver com o coração aberto, mesmo diante da incerteza. Ensina-me a comunicar com clareza, a escutar com empatia, a respeitar as diferenças. E, hoje, compreendo que o amor é uma delícia precisamente porque é incerto, porque é leve. É essa imprevisibilidade que torna cada momento único, que me desafia a crescer, a adaptar, a amar de forma mais profunda, verdadeira — e, quem sabe, até mais madura.
A quem vive o amor com suavidade interior, aqui fica a dica: a incerteza não é inimiga, mas uma companheira que nos convida a viver plenamente. Abraça-a, comunica com o coração e confia que, mesmo sem garantias, o amor continuará a ser uma delícia.
Por fim, mas não naturalmente… como nas águas inquietas dos Nymphéas de Monet, veio-me esta leveza mansa — um silêncio em flor, onde o coração, em vez de afundar, aprendeu a flutuar. Xi coração, Pipe.