Concluída a febre do dia de S. Valentim, de fevereiro, dos corações, julgo que já posso manifestar esta minha ideia, sem melindrar todos aqueles que idealizaram o romance e teimosamente não compreendem a diferença entre paixão e amor. Em lados opostos da mesma pilha, temos um sentimento intenso, de alta intensidade VS um sentimento tranquilo, constante…. Felizmente para todos nós, o primeiro é um estado autolimitado que dura entre 6 segundos e 6 meses e que na grande maioria dos casos, resume-se a isto mesmo a um estado quase de demência, com falta de racionalidade… na observação que me permito fazer a casais mais duradouros, mais experientes a nível emocional e etário, que passaram pelo impulso da paixão o sucesso pode residir na compreensão e no diálogo. Afinal é impossível alguém estar apaixonado com 5 filhos pequenos, um gato, um cão, à volta de uma lareira, certo??? Não posso deixar de assinalar que existem duas fases marcantes na vida da mulher e do homem: a menopausa e a andropausa, e que esses casais souberam encarar os desafios das fases.
Enquanto a primeira ocorre de forma mais acentuada geralmente no fim da idade dos quarentas, a segunda vai ocorrendo de forma mais lenta…ou será que estou enganada? No caso das mulheres após conseguirmos os patamares de carreia e sermos felizes e realizadas com maternidade, parece que corremos contra o tempo, na tentativa de apanhar o último comboio a partir.
Os homens, pelo contrário, como a ocorrência é mais gradual, extravasam nos advérbios de tempo “sempre” ou “nunca”, referindo-se às mulheres, quando na verdade, compreendemos bem que estão a referir-se a eles próprios.
Em ambos os casos, é uma corrida contra o tempo para apanhar o comboio a alta velocidade, que dá origem infalivelmente a altos espalhanços senão existirem cuidados, e que nos permitem a interrogação: aparentemente onde se confundem os conceitos de arrogância e autoconfiança, que nos fazem espalhar a alta velocidade nas relações?
A falta de lucidez, na tentativa de obter respeito e valorização, levam-nos como pela mão a uma encruzilhada de baralhação, onde cegos pelo nosso ego não enxergarmos que temos algo bom a nosso lado e teimamos em trocá-lo por um poço de defeitos. O que nos move nesse sentido? O nosso ego? Motivado pela nossa arrogância? Arrogância é sinónimo de altivez, presunção, orgulho, o polo negativo do ser humano…por seu lado, a autoconfiança, está no polo positivo e representa a compreensão com a sua luminosidade e calor, é sinónimo de segurança, convicção, determinação. Ambas criam pontos antagónicos do ser humano, originam componentes cognitivas, afetivas e comportamentais, impossíveis de coabitarem. Tenho cá para mim que o ego de cada um de nós, é do tamanho das nossas fraquezas: egos muito grandes, fraquezas muito grandes e assim vice-versa. Torna-se um verdadeiro espalhanço quando permitimos que o ego tome conta das nossas vidas… é mau, muito mau. O incrível Fernando Pessoa disse “uns governam o mundo, outros são mundo” como se consegue isso?? através da humildade. Cultivar e preservar na humildade…crouchhh, custa, ah pois custa. É quase utópica a ideia de travarmos o nosso próprio narcisismo, mas fundamental para as nossas relações e acima de tudo para vivermos emocionalmente equilibradas.
A arrogância, é um vicio bem maçador, um defeito, difícil de lidar, subtil que se entranha. O nosso ego consegue por incrível que pareça transformar-se no nosso maior inimigo, e só há uma forma de contrariar, praticando a humildade. A humildade é uma virtude, grandes virtudes originam relações saudáveis e pessoas de melhor carácter. Ainda a pensar no Dia de S Valentim, questiono: o amor é um vício ou uma virtude? Como não consigo suportar sequer a ideia de uma vida sem amor, creio que o amor é uma virtude, pois torna o ser humano e o mundo que o rodeia bem melhor. Tentemos não nos atrapalhar a alta velocidade, quanto mais humildes, mais amamos, a humildade é uma grande virtude, que duvida de si mesma, pois na sua própria análise consegue o brilharete de não enaltecer a sua própria virtude.
Por fim, mas não naturalmente humildade é amar a verdade e se existe aqui uma grande verdade é o facto que somos incompletos e imperfeitos, temos falhas e coisas boas, e sempre muito mais a aprender do que aquilo que já sabemos.
1 xi coração Pipe.