Era uma vez, uma cidade, muitos saltos altos, lantejoulas, inevitavelmente gravatas e colarinhos… muitas relações* passadas, presentes e futuras, com pouca ou nenhuma objetividade.

As nossas desculpas diárias: “Desculpa! está muito difícil a situação, mas eu não vou conseguir hoje! /“Tenho que faltar ao compromisso!!” /” Ups. juro, juro, juro, o dia hoje foi uma azáfama, mas amanhã consigo, mas consigo de verdade okay?” / “  Amanhã no mesmo horário tudo certo para ti? “

Auch… quantas de nós já ouvimos isso? E pior do que ouvir será que já fizemos isso connosco próprias??  Será que existe um limite que separa o saudável do patológico? Eu já não me permito mais ouvir ou dizer isto, que clichê é este, que aparentemente se abateu sobre a sociedade? Prejudicamo-nos dezenas de vezes, mudamos hábitos e rotinas num estalar de dedos, por terceiros ou pior por nossa própria autoria.  Se vindo de outras pessoas uma promessa não cumprida nos abala, por que raio achamos que seria diferente quando prometemos algo e não cumprimos?  Se nós prometermos a nós mesmas, iniciar algo nas nossas vidas é porque encaramos como uma mudança necessária, certo? porque será então que cumprimos somente enquanto estamos entusiasmadas, para não dizer eufóricas? Falo de tudo: dietas, resoluções de Ano Novo, vida amorosa, projetos profissionais…. Será que é tão difícil assim manter o foco? ou a consistência? O pior é que todos sabemos a resposta à questão: sim, é difícil, muito difícil.

No meu caso, demorei muito tempo a perceber o que se passava à minha volta, a minha autoconfiança era destruída cada vez que fazia uma promessa a mim mesma e não cumpria, após doses generosas de sofrimento e aprendizagem com as consequências dos meus próprios erros, finalmente assimilei que a minha autoconfiança era paulatinamente destruída pelas minhas próprias promessas.  Catchau. essa doeu-me de verdade, mas foi absolutamente necessário encarar a realidade.

Wow Wow Wow se os outros sabotassem comigo, assim do nada, perderia a confiança na pessoa, no momento certo? Quem não?!  O processo é idêntico, a cada promessa que fazemos a nós mesmas e reiteramos em não cumprir! Talvez já tenham sido tantas as vezes, que nos habituamos e de forma quase leviana não distinguimos inconscientemente que entramos numa espiral de falta de confiança em nós próprias😪. Converteu-se numa banalidade a nossa quebra de vínculo, a rutura connosco, a autossegurança cai a pique e aos poucos infra valorizamos a nossa real capacidade de fazer acontecer e nos julgarmos incapazes de realizar o que seja necessário. Aos bocadinhos, vamos degrau a degrau corroendo a autoconfiança até que um dia subitamente nos olhamos ao espelho e ao invés de enxergarmos habilidades, contemplamos fracasso e desapontamento. A mudança é um processo, nada acontece de um dia para o outro, não existem fórmulas mágicas, eu fui persistente, tento ser confiante e acredito em mim. Todos devem crer nas suas próprias competências para fazer as coisas, a isto malta chamamos de autoeficácia.

Autoeficácia e autoconfiança estão diretamente relacionadas, quando prometemos a nós mesmas e não cumprimos, destruímos estas duas capacidades do ser humano muito lentamente.

Por fim, mas não naturalmente fica o alerta, emoções, motivações e consistência, são um trio bastante complicado. As emoções oscilam! E tudo o que oscila, tem altos e baixos, tenhamos consciência clara e inequívoca! Encaremos os factos com a mesma lógica e necessidade que nos fazem levantar todos os dia da cama para trabalhar, amar e viver: dependemos disso para nos tornarmos as pessoas que queremos ser.

Vale a pena pensar nisto,

1 Xi Coração Pipe.

*não exclusivamente relações amorosas, todo o tipo de relações interpessoais.