Cara leitora (o)
Na azáfama do inicio de ano letivo, escrevo por mim e por todos os pais que vivem a ansiedade de ver os seu filhos regressar à escola . Em especial, aqueles que assim como eu, partilham a experiência das perturbações do desenvolvimento infantil .
Neste momento, uma das minhas filhas, passou para o 5ºano, assimilar a transição de 3 disciplinas para uma parafernália de 7 disciplinas, aliada à circunstância de ser PHDA, onde tudo por vezes parece tão frágil e incerto, dá origem a autênticos episódios de ansiedade e stress. Por vezes, parece que as coisas chocam contra nós, quando na verdade, somos nós que chocamos contra as coisas. Desde sempre neste propósito, com cada vez mais confiança em mim, aprendi a ouvir a voz do meu coração que me apela à serenidade.
O inico de ano letivo no meu ponto de vista, deve ser encarado com razoabilidade. Se há algo que aprendi com a experiência com TDHA e o TEA, é viver o dia a dia com a leveza necessária. As nossas princesas e príncipes, são como são, amá-los e respeitá-los, deixarmo-nos deliciar pelas deslumbrantes habilidades que cada um carrega consigo, leva-nos a uma vida de afeição, sem igual. Compreensão, tranquilidade, paciência são o “B A B” do amor e da convivência no seio familiar, social e escolar dos nossos filhos.
Setembro é Setembro, mês da ambivalência de sentimentos, se por um lado vemos e partilhamos com os nossos filhos a alegria contagiante do regresso à escola, por outro, franzimos a testa e apertamos o coração, por vê-los “fugir” .
Não querendo ser juíza em causa própria, mas baseada no que sinto, aprendi a deixá-las fugir, confio na escola, na nova diretora de turma, e acima de tudo na minha própria filha, empoderada e assertiva. Estabeleci metas atingíveis nos últimos 4 anos, de forma a chegarmos onde estamos. Sempre contei com a disponibilidade dos professores, da médica e enfermeira de família, pediatra do desenvolvimento, terapeutas… Planeámos percorrer um caminho, foi uma peregrinação… O resultado? alta médica de todas as terapias, suspensão de qualquer tipo de medicação e transição para um novo ciclo ( 5º ano) sem quaisquer medidas de suporte e apoio à inclusão em meio escolar. .
Sim percorremos um caminho, entre erros e tentativas, lágrimas e abraços, se foi fácil? Não, não foi, e não é…foi desgastante, em certos dias, os limites das forças físicas foram postas à prova, exigiu de todos, sem exceção, muita disposição, mas em especial à minha filha foi exigida coragem, foco e determinação.
Olhar à volta, estar atenta, ser respeitosa e paciente, é a minha postura em relação à escola, e a todos os que nos rodeiam. Aquela velha máxima ensinada pelos nossos pais em pequeninos, antes de atravessar a rua, parece colher ainda bons frutos: “pare, escute e olhe… e só depois atravesse!”
Por fim, mas não naturalmente, com a nostalgia de observar a minha menina no 5ºano de mochila ao ombro, despeço-me com um enorme abraço a todos, tinha saudades de escrever, obrigada pelos vossos constantes incentivos a continuar a fazê-lo.