Nunca imaginei que este seria o texto…

Restam-nos momentos na vida, em que todos precisamos de reclusão, não física, mas espiritual.  Consciente desta necessidade e das minhas limitações humanas, a minha ausência nas redes e no blogue, correspondeu a isso mesmo.

Se os primeiros 6 meses do Voando Com o Coração, voaram e encantaram-nos os últimos meses obrigaram a pausas prolongadas, COVID, luto, pneumonias… As vicissitudes vida são assim mesmo, são um tempo sem relógio e manual sem instruções, o que me valeu foi a Fé. A fé é um dom de Deus, e a minha carrego-a no coração, ancorada na esperança.

Nesta primeira fase de Voando com o Coração, particularmente nos últimos episódios, muito sentido fez  aquela velha máxima de criança, dita pelos meus pais: “ antes de atravessar a rua: Pare, Escute e Olhe”.

Parei devido a uma morte inesperada.  A morte repentina de alguém que amamos muito é uma herança pesada.  Para a família e amigos é dilacerante, para quem amamos e partiu é imediato, fugaz, sem o mínimo possível de dor e sofrimento, é o exemplo da conhecida a melhor “morte possível”.…  Hoje com a distância necessária do trágico acontecimento, creio que a morte lenta e dolorosa, ocorre de maneira menos sofrida para a família e de forma mais aflitiva para a pessoa.

Na dor que senti e no que ainda estava por vir, a escuta da Voz de Deus no meu coração, e da Sua Palavra foi fundamental. A coraçãozinho, desenvolveu uma série de pneumonias, uma infeção por Covid, levou-nos ao isolamento de quem mais amamos. Comigo mantive o Crucifixo, a Imagem de Nossa Senhora das Dores e de S. José.  Sou católica, não o escondo, faz parte de mim e da minha identidade neste espaço, a confiança no amor de Deus e do próximo ajudou-me a ultrapassar. Como diz uma velha amiga: “o que Nosso Senhor quer …é conversa” e que quanto mais conversa lhe damos, mais leve tudo se torna.

No que confere também a esse caminho de amor, vi o meu filho mais velho ao longo deste ano a encher-me de orgulho com a sua forma altruísta de ser. Este ano assumiu a caridade como expressão de amor e forma de viver.  Não irei partilhar, guardarei no coração. Todavia quem sabe, um dia à semelhança dos seus pais, sairá também em Missão.

Neste percurso de amor, após a tempestade assisti à bonança.  Um evoluir positivo e solidificado das minhas filhas. A Borboleta tornou-se uma atleta, aluna exemplar, uma poetisa, segura de si mesmo .

A Coraçãozinho…wow wow wow ( não é gralha) quem a viu e quem a vê, evoluiu tanto, e tão indubitavelmente , que aquelas características tão peculiares do espetro autista, atualmente temos que nos esforçar muito, mas muito para as enxergar😊 .

Por fim, mas não naturalmente, obrigada a todos vós, familiares, amigos e equipa do Voando Com o Coração, com o vosso tempo, recursos e principalmente amizade, conseguimos juntos levar a esperança e ajudar algumas mães e crianças. É caso para dizer, dever cumprido!

1 Xi Pipe.