Estimados leitores,
Categoricamente a vida é feita de desafios inesperados, hoje partilho convosco uma das histórias mais marcantes da minha vida, ou melhor, do herói da minha vida: o meu filho de 12 anos, de ténis, t-shirt e calças de ganga.
O sucedido tem meses, mas somente agora, que já decorreu o tempo necessário, decidi partilhar.
Num pacato e acinzentado domingo na estação do Oriente, onde três crianças, rejubilavam, com ideia de ir ver os comboios e buscar a avó, que iria chegar à cidade vinda da Beira alta.
A ideia de ir até Lisboa, para o pequeno passeio era por si só fantástica (visto que a nossa residência habitual é na margem norte do Sado) o mundo de cores, movimentos, sons múltiplos, vinha a completar o imaginário das crianças que é belo e colorido há pelo menos 72 h, com o encontro da chegada da avó.
Nada faria prever, um acontecimento tão marcante para elas e para mim.
Marcavam rigorosamente dezassete horas no relógio, quando se ouviu o apito do comboio ao longe, sem demoras, dirigimo-nos à plataforma superior da estação do Oriente.
Aconchegava pela mão esquerda a Borboleta e pela mãe direita a Coraçãozinho, e o meu Afonso com apenas 12 anos, de porte atlético, mais alto que eu, acompanhava-nos lado a lado com a elegância que caracteriza o seu andar.
Entretanto o comboio parou e iniciou-se, aquilo que se avizinhava um pacato desembarque… quando sem que nada o fizesse prever, uma criança por nós desconhecida cai na linha férrea, entre o comboio e a plataforma de desembarque.
Perante os gritos, nervos e inquietação de todos, o meu pequeno e grande herói de 12 anos, com frieza e equilíbrio, lançou-se à linha, e retirou de lá a criança, antes que qualquer adulto o fizesse.
Após o susto, o seu coração, o meu coração, ainda batiam aceleradamente. As lágrimas começavam a correr enquanto nos abraçava às três (mãe, avó e irmãs), e agradecia a Mãe de Deus, pela intercessão no desfecho do episódio.
Por fim, mas não naturalmente, agradecemos a gentileza da CP, no postal que enviou ao Afonso, no dia seguinte a dar-lhe os parabéns pelo seu gesto.
A todos os nossos pequenos grandes, valentes heróis, de ténis e calças de ganga, anónimos por este mundo fora, obrigada por estarem ai, e construírem um mundo mais adequado e digno para todos.
1 Xi coração desta mãe orgulhosa,
Pipe
