Verão é sinónimo de férias, praia, campo, descanso, calor e, à medida que ele termina, retornam muitas das rotinas familiares.
Setembro é tempo de voltar. Voltar a colocar os lápis no estojo, escolher cadernos, encadernar livros, preparar os lanches, reencontrar os amigos, conhecer novas pessoas, entre tantas outras coisas que nos fazem sorrir.
Os nossos filhos crescem muito no final do verão e não são só as roupas que deixam de servir, são também as emoções que evoluem e que se vivem de forma cada vez mais intensa à medida que eles crescem. É preciso orientá-los na gestão dessas emoções, orientando-os para uma escuta do seu coração e com o coração.
Olhar à volta, estarem atentos aos outros, cuidarem do planeta sendo protagonistas de comportamentos sustentáveis, serem solidários e respeitadores, são alguns dos comportamentos que as nossas crianças e jovens podem experienciar no seu dia-a-dia e em particular nestes momentos de recomeço. Desta forma, podem crescer em comunidade e serem parte integrante dessa comunidade. É fundamental que escutem o que os rodeia: o colega que chega à escola triste, o pai ou a mãe que estão menos sorridentes que o habitual, o professor que ralhou sem razão, a auxiliar que não disse o bom dia como é costume ou a planta junto à janela que está sem água. Eles podem ser agentes de mudança se estiverem atentos, mas as emoções também necessitam de ser cuidadas: como ecoam nos nossos corações as palavras e gestos dos outros. A natureza, nesta época do ano, também nos ensina a cuidar de nós e dos outros. É tempo de colheitas, de ir buscar à terra os frutos que cresceram no verão e que se tornaram suculentos e é tempo de fazer brotar de dentro de nós tudo o que podemos dar de novo ao meio que nos rodeia. É tempo de escutarmos o nosso coração e analisarmos como é que cada um de nós se sente e procurarmos a energia para vivermos cada dia com alegria e serenidade.
Citando o nosso Miguel Torga, neste tempo de voltar, “recomeça… se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.”
Guida Dias
Professora e Fisica e Química e mãe de uma pré-adolecente.