O terapeuta da fala intervém diretamente com as Perturbações do Desenvolvimento Infantil. As Perturbações do Desenvolvimento Infantil podem ser classificadas em perturbações «gerais» e perturbações específicas do desenvolvimento. Nas perturbações “gerais”, os aspetos desenvolvimentais e cognitivos do indivíduo estão afetados enquanto, as perturbações específicas do desenvolvimento englobam as perturbações mais frequentes e que apenas têm comprometidas áreas específicas do desenvolvimento (Matos, 2009).

Quando a criança chega pela primeira vez ao nosso consultório, com ela vem uma família que provavelmente já leu algumas questões, algures na internet, acerca das dificuldades do/a próprio/a filho/a. Embora o nosso grande foco seja a criança, o olhar do terapeuta da fala vai mais além… a família. A família que chega também pela primeira vez e apresenta-se insegura, com incertezas, com um olhar atento acerca de todas as informações que o técnico vai transmitindo.

Um dos aspetos que o terapeuta da fala deverá ter em conta nesta fase primordial é a observação: observar toda a comunicação, não só da criança, como também de todo o meio envolvente (a família), observar a predisposição e sensibilidade da mesma para o diagnóstico que se encontra em cima da mesa (quando o mesmo existe).

O terapeuta da fala deverá direcionar corretamente os cuidadores, fornecendo diferentes propostas e liberdade de escolha. A palavra dos cuidadores é ordem! Independentemente das nossas preferências pessoais/profissionais, a última palavra será sempre dos responsáveis pela criança pois são estes que diariamente tomam as decisões da criança, convivem e educam a mesma, confiando sempre que quererão sempre o melhor para ela.

Além da formação académica e profissional do técnico, existem outros fatores que influenciam a nossa visão sobre cada caso: a empatia, compaixão, humildade. São estes aspetos que fazem de nós profissionais de excelência pois, apesar de existir uma anamnese, uma avaliação e um plano de intervenção elaborado com os devidos objetivos para cada criança, estes adjetivos promovem a relação terapêutica e de proximidade tanto com a criança como também com a família. Contudo, existe sempre um outro lado da moeda. Sem o auxílio da família, na aplicação das estratégias em intervenção indireta (em casa, por exemplo) o sucesso terapêutico poderá ficar comprometido. O terapeuta da fala conta com o apoio dos cuidadores para fornecimento de informações que ocorrem em casa e na realização das tarefas enviadas pelo mesmo pois sem este apoio, torna-se mais complexo o trabalho do profissional de saúde.

Assim, é crucial que haja um equilíbrio e uma dinâmica “saudável” entre terapeuta/família nunca esquecendo que o trabalho espetacular dos nossos colegas psicólogos, psicomotricistas, terapeutas ocupacionais, entre outros, fazem parte do pilar fundamental para que todo o processo seja encaminhado no melhor caminho.

Bibliografia

Matos, P. P. (2009). Perturbações do Desenvolvimento Infantil – conceitos gerais. Rev. Porto Clin Geral, 669-76.

Terapeuta da Fala Ana Ferreira

C nº 060679174