Sim recebi um diagnóstico … ups… afinal foram dois…

Ter uma criança com um diagnóstico de Hiperatividade e Deficit de Atenção (PHDA) é bastante trabalhoso, e uma segunda com o diagnóstico de Autismo torna-se uma experiência desafiante. O desafio é nosso, enquanto mulheres, mães, seres humanos de carne e osso, com todas as nossas limitações e fragilidades, se nos é permitido ter ????.

No entanto somos Mulheres, que um dia tiveram sonhos “banais” e que hoje se questionam sobre o futuro: Como será o futuro dos meus filhos “especiais”, sem a minha presença?

Nós mães percecionamos esse futuro “ligeiramente” desviado do nosso imaginário, desde aquele primeiro instante em que o teste de gravidez deu positivo. No percurso da nossa vida, nada há a fazer, senão aceitar, encarar e falar de PHDA/ AUTISMO, com a maior naturalidade e leveza possíveis.

Sim, porque as minhas filhas são maravilhosas e por uma determinada circunstância ,uma delas  é PHDA e a outra é autista.

Como surgiram os diagnósticos?

À semelhança de muitas (os) de vós, nós mães sabemos e conhecemos os nossos filhos, sabemos no profundamente e no fundo do nosso coração que se passava alguma coisa

O primeiro diagnóstico…

No caso da minha (PHDA), uma criança de oito anos de idade, os primeiros sinais foram evidentes, logo no jardim de infância, por volta dos três anos de idade. Por diversas ocasiões, a minha Borboleta, foi vista pelos outros como uma menina mal-educada, uma criança sem limites e burra.

Por isso, poderei dizer que foi uma espécie de bullying, envolto em neblina e dor, difícil de imaginar! Consequentemente, isto provocou elevadas repercussões emocionais para ela, para mim e para todos aqueles que realmente a amam e se interessam por ela. Infelizmente, a sociedade, não tem consciencialização de quando se trata de uma alteração neurológica, cabe-nos a nós, também, sensibilizá-los.

O segundo diagnóstico…

A” minha coraçãozinho”, uma menina autista, hoje tem quase 4 aninhos, os sinais “malditos”, também desde logo cedo estiveram presentes. Embora tão pequenina, sem se ter apercebido disso, já lidou com discriminação e sentimento de vergonha, por parte daqueles que mais a deveriam amar e proteger. A “minha coraçãozinho” não fala, apresenta dificuldades na socialização, é muito sensível ao toque, e como todas as crianças do espectro manifesta alterações de comportamento. Situações tão simples, como ir ao dentista, tirar o cartão de cidadão e cortar o cabelo.

Estas parecem simples e fáceis, não é? Garanto-vos que para um Autista não é. Embora muito pequenina, são tarefas, que AINDA, não conseguimos realizar, pois ela é hipersensível ao toque, e não tem aquilo a que naturalmente chamamos de previsibilidade. Então e depois? O que se passa quando nos dirigimos a estes locais? As pessoas olham, e pensam que somos uns “bichinhos”, nem sequer preciso de referir, pois calculo que possam imaginar, a quantidade de ansiedade, lágrimas, e todo o turbilhão de emoções envolvidos no processo.

Atualmente, já encaro com a naturalidade o que a vida me permite.

Ambos os diagnósticos surgiram na minha vida com uma distância de seis anos. Recordo minuciosamente, esses momentos. Se me questionam, como é a vivência de ser mãe de duas crianças com diagnóstico especial?  É desafiante, contudo o que realmente pretendo transmitir, para o bem dos nossos filhos, para o nosso bem é que devemos enxergar a Magia e a Bênção que é sermos mães.

Somos mães de crianças “especiais” e por isso também somos especiais, com todas as nossas necessidades peculiares, mas acima de tudo somos mulheres e juntas somos mais fortes.

Termino com um poema, de Sopia de Mello Breyner dedicado a todas nós.

O poema, por opção, não foi traduzido.

1 Xi coração Pipe.

Sophia de Mello Breyner

“Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens…
Há mulheres que são maré em noites de tardes…
e calma”

Voando com o Coração
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